nós pessoas ansiosas, temos a tendência de sempre achar que não é necessário viver algo, pois uma hora aquilo vai acabar. não aproveitamos o suficiente, pois tudo tem fim um dia.
mas afinal, é plausível deixar de viver pelo medo do “e se?”

esses dias, eu estava vendo um vídeo sobre o pior ano para viver na terra. em 536, uma misteriosa névoa cobriu grande parte do hemisfério norte, mergulhando a europa, o oriente médio e partes da ásia em escuridão durante 18 meses.
pesquisas dizem que a causa tenha sido uma enorme erupção vulcânica (possivelmente na islândia), seguida por outras erupções nos anos seguintes.
além disso, em 541, a peste bubônica (peste de justiniano) começou a se espalhar, matando milhões e aprofundando ainda mais o caos.
ao acabar o vídeo, me peguei pensando “meu deus, por que as pessoas continuaram lutando pelas suas vidas?”. e entrei em uma discussão comigo mesma.
eu sou hipócrita. odeio pessoas falando que não querem colocar seus filhos em um mundo em declínio, ou que não vale a pena batalhar por uma vida melhor, uma vez que, estamos no meio de uma crise climática sem retorno. mas ao mesmo tempo, eu sou muito amiga do fim. eu vivo com a plena noção que tudo um dia vai acabar — e por mim, tá tudo bem.
uma vez durante uma aula da faculdade, um professor meu disse que foi muito questionado sobre a decisão de escolher ter filhos, levando em consideração que ele, biólogo formado, sabe mais do que ninguém a situação do nosso planeta. e nessa linha de pensamento, ele disse algo que ficou gravado em mim: “e se meu filho for alguém que consiga solucionar a crise climática?”.
e bom, talvez seja isso, sabe? not to be a amiga good vibes que acha que tudo é flores, mas é triste esse conformismo do fim eminente. qual é, você está deixando de estudar pra faculdade dos seus sonhos, porque o mundo está acabando e os robôs estão roubando o trabalho das pessoas? garota, dê um soco nesse robô, desconecte ele da tomada e vá conquistar seu objetivo!
eu tenho pavor de pensar na ideia de morrer sem ter feito tudo o que eu desejei, sem ter conquistado nada, ou ser completamente esquecível porque vivi no conformismo e na mesmice.
obviamente que é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo — que é a causa o fim do mundo, então é tudo meio redundante. mas eu não acho que seja justo com você mesmo, ficar confortável com a ideia de que tudo irá acabar. não estou dizendo que é errado pensar dessa forma, até porque como dito antes, eu também penso. mas deixar de viver?
o mundo estava para acabar em 2000. o mundo estava para acabar 11 de setembro. o mundo estava para acabar na pandemia. o mundo, no final, sempre esteve para acabar. mas você continua vivo.
chega de estoicismo (que virou moda no vocabulário dos jovens), é muito chato não ter plano de vida por puro “e se?”. não deixem de estudar, não deixem de viajar, de construir sonhos, famílias… ainda estamos aqui. vamos fazer valer a pena a única vida que temos! (para quem não acredita em reencarnação).
nota da autora: talvez esse post tenha sido muito aquela cena do carro em parasita, mas foi um desabafo íntimo. espero que vocês entendam o meu ponto!
total!
se olhamos pra um casal de velhinhos na rua com a mesma apatia que olhamos pra uma pessoa se alimentando do lixo, tem algo de errado com nossa forma de sentir as coisas, né?
eu tenho um texto que fala um pouco sobre esse cinismo que temos aprendido a usar para encarar a vida e como isso é prejudicial pra gente. o conformismo nos prepara pra morte, mas nos deixa despreparados pra vida!
Adorei e a frase do seu professor agora também vai estar sempre na minha mente. E EXATO, o mundo tá pra acabar há muito tempo. Dá pra fazer algo sobre? Não? Então chute no conformismo e bora viver